Hipertensão Arterial: Causas, Sintomas e Tratamentos
A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1,28 bilhões de pessoas sofrem de hipertensão, com uma prevalência maior em países de baixa e média renda. A hipertensão é considerada uma das principais causas de doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e insuficiência renal, sendo responsável por uma grande parte da mortalidade global.
O que é a Pressão Arterial?
A pressão arterial é a força exercida pelo sangue contra as paredes das artérias enquanto o coração bombeia sangue. Ela é medida por dois valores:
- Pressão sistólica: refere-se à pressão exercida quando o coração se contrai.
- Pressão diastólica: corresponde à pressão quando o coração está relaxado entre os batimentos.
A pressão arterial é expressa em milímetros de mercúrio (mmHg) e é considerada normal quando está abaixo de 120/80 mmHg. Quando os valores ficam constantemente em 140/90 mmHg ou mais, o diagnóstico de hipertensão é confirmado, conforme as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da American Heart Association (AHA).
Causas da Hipertensão Arterial
1. Hipertensão Primária (ou Essencial)
A hipertensão primária não tem uma causa clara e específica, mas está relacionada a fatores genéticos e ambientais. Entre os fatores de risco mais comuns para o desenvolvimento da hipertensão primária estão:
- Envelhecimento: A pressão arterial tende a aumentar com a idade.
- Histórico familiar: A genética desempenha um papel importante, aumentando o risco em pessoas com parentes próximos hipertensos.
- Obesidade e sobrepeso: O excesso de peso faz com que o coração trabalhe mais, aumentando a pressão nas artérias.
- Dieta inadequada: O consumo excessivo de sal, gorduras saturadas e alimentos processados pode agravar a hipertensão.
- Sedentarismo: A falta de atividade física regular está associada ao aumento da pressão arterial.
- Estresse crônico: O estresse emocional pode elevar temporariamente a pressão arterial e, em longo prazo, contribuir para o desenvolvimento da hipertensão.
2. Hipertensão Secundária
A hipertensão secundária é menos comum, representando cerca de 10% dos casos. Ela é causada por condições subjacentes ou pelo uso de medicamentos. Exemplos incluem:
- Doenças renais crônicas: Condições que afetam os rins, como glomerulonefrite, podem levar ao aumento da pressão arterial.
- Distúrbios hormonais: Doenças como o hiperaldosteronismo, síndrome de Cushing e feocromocitoma podem provocar hipertensão.
- Apneia obstrutiva do sono: Esse distúrbio está relacionado à hipertensão, pois a falta de oxigênio repetida pode sobrecarregar o sistema cardiovascular.
- Uso de medicamentos: Certos medicamentos, como anti-inflamatórios, descongestionantes nasais, anticoncepcionais hormonais e corticosteroides, podem causar um aumento da pressão arterial.
Sintomas da Hipertensão Arterial
A hipertensão é frequentemente chamada de “assassina silenciosa” porque pode não apresentar sintomas visíveis, mesmo em casos graves. Muitas pessoas só descobrem que têm hipertensão após um exame de rotina. Contudo, quando os sintomas aparecem, podem incluir:
- Dores de cabeça persistentes, especialmente na região da nuca.
- Tontura e sensação de desequilíbrio.
- Zumbido no ouvido.
- Alterações visuais, como visão embaçada.
- Dores no peito ou falta de ar.
- Sangramentos nasais em casos mais graves.
Estes sinais não são exclusivos da hipertensão e podem estar associados a outras condições, o que reforça a importância de medições regulares da pressão arterial.
Fatores de Risco
A hipertensão tem uma série de fatores de risco, alguns modificáveis e outros não. Compreender esses fatores é essencial para a prevenção.
Fatores de Risco Modificáveis | Fatores de Risco Não Modificáveis |
---|---|
Dieta rica em sódio | Idade (risco aumenta com o envelhecimento) |
Consumo excessivo de álcool | Histórico familiar de hipertensão |
Obesidade e sobrepeso | Etnia (maior prevalência em afrodescendentes) |
Sedentarismo | Gênero (homens têm mais risco antes dos 55 anos, e mulheres após a menopausa) |
Tabagismo | |
Estresse |
Diagnóstico da Hipertensão
O diagnóstico da hipertensão é feito por meio de medições regulares da pressão arterial em diferentes momentos e situações, para confirmar que os níveis elevados são persistentes. Além disso, pode ser necessário realizar alguns exames complementares, como:
- Exames de sangue: para avaliar o colesterol e o açúcar no sangue.
- Exames de urina: para verificar a função renal.
- Eletrocardiograma (ECG): para detectar alterações no coração que possam estar relacionadas à hipertensão.
Em alguns casos, o médico pode recomendar o uso de um monitor ambulatorial de pressão arterial (MAPA), que registra as medições da pressão arterial ao longo de 24 horas.
Tratamento e Prevenção
O tratamento da hipertensão envolve tanto a adoção de mudanças no estilo de vida quanto, quando necessário, o uso de medicamentos. Vamos explorar essas abordagens:
1. Mudanças no Estilo de Vida
A adoção de hábitos saudáveis é a primeira linha de defesa contra a hipertensão. Entre as principais mudanças estão:
- Dieta balanceada: A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) é recomendada por especialistas para reduzir a pressão arterial. Ela inclui frutas, vegetais, grãos integrais e laticínios com baixo teor de gordura, além de limitar o consumo de sódio.
- Redução do consumo de sal: A OMS recomenda o consumo diário de sal abaixo de 5 gramas (aproximadamente uma colher de chá).
- Atividade física regular: Praticar exercícios aeróbicos, como caminhadas, ciclismo ou natação, por pelo menos 150 minutos por semana pode reduzir significativamente a pressão arterial.
- Controle do peso: A perda de peso em pessoas com sobrepeso ou obesidade pode reduzir a pressão arterial.
- Moderação no consumo de álcool: Limitar o consumo de bebidas alcoólicas ajuda a evitar o aumento da pressão arterial.
- Cessação do tabagismo: O cigarro eleva a pressão arterial e danifica as paredes dos vasos sanguíneos.
- Gerenciamento do estresse: Técnicas de relaxamento, como yoga, meditação e respiração profunda, são eficazes na redução dos níveis de estresse e, consequentemente, da pressão arterial.
2. Tratamento Medicamentoso
Se as mudanças no estilo de vida não forem suficientes, o médico pode prescrever medicamentos para controlar a pressão arterial. Alguns dos medicamentos mais comumente usados incluem:
Classe de Medicamentos | Exemplo de Medicamentos | Mecanismo de Ação |
---|---|---|
Diuréticos | Hidroclorotiazida, furosemida | Aumentam a excreção de sódio e água pelos rins, reduzindo o volume sanguíneo. |
Inibidores da ECA | Enalapril, lisinopril | Inibem a formação de angiotensina II, substância que estreita os vasos sanguíneos. |
Bloqueadores dos Receptores de Angiotensina II | Losartana, valsartana | Impedem a ação da angiotensina II, relaxando os vasos sanguíneos. |
Betabloqueadores | Atenolol, propranolol | Reduzem a frequência cardíaca e a força das contrações cardíacas, diminuindo a pressão. |
Bloqueadores dos Canais de Cálcio | Anlodipino, verapamil | Relaxam as artérias, facilitando o fluxo de sangue e reduzindo a pressão arterial. |
Esses medicamentos devem ser usados conforme orientação médica, e o acompanhamento regular é essencial para ajustar as doses e minimizar possíveis efeitos colaterais.
Complicações da Hipertensão Não Tratada
A hipertensão não tratada ou mal controlada pode resultar em complicações graves e até fatais, como:
- Doenças cardíacas: A hipertensão pode causar espessamento das artérias (aterosclerose), levando a infarto do miocárdio.
- AVC (Acidente Vascular Cerebral): A pressão alta é um dos principais fatores de risco para o AVC isquêmico e hemorrágico.
- Insuficiência renal: Danos aos vasos sanguíneos dos rins podem levar à insuficiência renal crônica.
- Perda de visão: A hipertensão pode afetar os pequenos vasos sanguíneos da retina, levando à retinopatia hipertensiva.
- Demência: O fluxo sanguíneo inadequado para o cérebro pode contribuir para o desenvolvimento de demência vascular.
Perguntas Frequentes
1. Hipertensão arterial tem cura?
A hipertensão arterial não tem cura definitiva, mas pode ser controlada eficazmente com mudanças no estilo de vida e, quando necessário, medicamentos.
2. Quais são os valores normais da pressão arterial?
Valores normais são inferiores a 120/80 mmHg. Pressões entre 120/80 mmHg e 139/89 mmHg são consideradas pré-hipertensão.
3. Como prevenir a hipertensão?
A prevenção inclui uma alimentação saudável, prática de exercícios físicos, controle do peso, redução do consumo de sal, cessação do tabagismo e manejo do estresse.
4. Quem está mais propenso a desenvolver hipertensão?
Pessoas com histórico familiar de hipertensão, obesidade, sedentarismo, dieta rica em sal e alcoolismo estão em maior risco.
Referências
- Organização Mundial da Saúde (OMS). Hipertensão
- Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial
- Ministério da Saúde. Hipertensão Arterial
- Whelton, P. K., Carey, R. M., et al. (2018). 2017 ACC/AHA Hypertension Guidelines. Journal of the American College of Cardiology.
Aviso
As informações presentes neste artigo têm caráter informativo e educacional e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento de profissionais de saúde. Sempre consulte um médico ou outro profissional qualificado para obter orientações personalizadas e adequadas ao seu caso.