Apneia: Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

A apneia é uma condição caracterizada por interrupções temporárias na respiração durante o sono, levando à privação de oxigênio e interrupções frequentes do ciclo do sono. As pausas respiratórias podem durar de 10 segundos a vários minutos, ocorrendo de forma intermitente durante a noite. Esse distúrbio pode comprometer significativamente a qualidade de vida e a saúde geral, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, fadiga crônica, hipertensão arterial e outras condições.

Tipos de Apneia

Há três principais tipos de apneia:

Tipo de Apneia Descrição Causas Principais
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) Bloqueio parcial ou total das vias aéreas superiores durante o sono, resultando na interrupção do fluxo de ar. Obesidade, anatomia das vias aéreas (ex: amígdalas aumentadas), uso de álcool ou sedativos.
Apneia Central do Sono (ACS) Ocorre quando o cérebro falha em enviar sinais adequados aos músculos que controlam a respiração. Doenças neurológicas, insuficiência cardíaca, uso de opioides.
Apneia Mista/Complexa Combinação de características da AOS e ACS, geralmente iniciada como obstrutiva e evoluindo para apneia central durante o tratamento. Fatores de ambas as condições, muitas vezes após tratamento inadequado da AOS.

Diferença entre Apneia Obstrutiva e Central

A principal diferença entre os tipos está no mecanismo causal: enquanto a apneia obstrutiva se deve a um bloqueio físico das vias aéreas, a apneia central envolve uma falha no controle neurológico da respiração.


Causas da Apneia

As causas variam conforme o tipo de apneia, e fatores de risco incluem:

Apneia Obstrutiva do Sono (AOS)

  1. Obesidade: O excesso de tecido adiposo ao redor da garganta estreita as vias respiratórias, aumentando o risco de colapso durante o sono.
  2. Idade avançada: O envelhecimento reduz o tônus muscular das vias aéreas.
  3. Anatomia facial: Fatores anatômicos, como mandíbula pequena, palato mole ou amígdalas aumentadas, podem dificultar a passagem do ar.
  4. Uso de álcool e sedativos: Essas substâncias relaxam os músculos da garganta, facilitando o bloqueio das vias aéreas.
  5. Tabagismo: Fumantes têm maior propensão a inflamação das vias respiratórias, o que pode contribuir para o colapso das vias aéreas.

Apneia Central do Sono (ACS)

  1. Distúrbios neurológicos: Condições que afetam o sistema nervoso central, como esclerose múltipla e Parkinson, podem prejudicar o controle da respiração.
  2. Insuficiência cardíaca: A instabilidade respiratória é comum em pacientes com insuficiência cardíaca avançada, especialmente devido à respiração de Cheyne-Stokes.
  3. Uso de medicamentos: Opioides e outros medicamentos depressivos podem interferir no controle respiratório central.

Sintomas

Os sintomas da apneia podem ser sutis ou graves e variam de pessoa para pessoa. Entre os principais estão:

  • Ronco alto e frequente (AOS);
  • Pausas respiratórias observadas por terceiros;
  • Despertares abruptos com sensação de sufocamento (AOS e ACS);
  • Sonolência diurna excessiva e fadiga constante;
  • Dificuldade de concentração e lapsos de memória;
  • Irritabilidade e mudanças de humor;
  • Acordar com dor de cabeça ou boca seca;
  • Insônia ou dificuldade em manter o sono.

Diferença dos Sintomas por Tipo de Apneia

Sintomas Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) Apneia Central do Sono (ACS)
Ronco Comum Raro
Pausas respiratórias Pausas associadas a esforço respiratório Pausas sem esforço visível
Sonolência diurna Muito comum Menos comum
Despertares abruptos com sufoco Muito frequente Frequente

Diagnóstico

O diagnóstico da apneia do sono geralmente envolve uma combinação de avaliação clínica e exames especializados. Os principais exames incluem:

1. Polissonografia Completa

Considerada o padrão-ouro, a polissonografia é um exame realizado em laboratórios do sono e monitora diversas funções corporais durante o sono, como:

  • Fluxo de ar;
  • Movimentos respiratórios;
  • Oxigenação do sangue;
  • Atividade cardíaca e cerebral.

Esse exame é essencial para diferenciar entre apneia obstrutiva e central.

2. Testes de Sono Domiciliares

Testes mais simples podem ser realizados em casa, monitorando principalmente os níveis de oxigênio e a respiração. Contudo, não fornecem tantas informações quanto a polissonografia.

3. Oximetria Noturna

A oximetria é um exame não invasivo que monitora os níveis de oxigênio no sangue durante a noite. Pode ser usada como um método inicial para identificar apneias graves.


Tratamento da Apneia

O tratamento da apneia do sono varia de acordo com o tipo e a gravidade da condição. As abordagens incluem mudanças no estilo de vida, uso de dispositivos e, em casos graves, cirurgias.

Mudanças no Estilo de Vida

  • Perda de peso: Reduz o risco de colapso das vias aéreas em pacientes com apneia obstrutiva.
  • Evitar álcool e sedativos: Diminuem o relaxamento excessivo dos músculos da garganta.
  • Mudanças na posição de dormir: Dormir de lado, em vez de costas, pode aliviar os sintomas.

Tratamentos com Dispositivos

Dispositivo Descrição Indicação
CPAP (Pressão Positiva Contínua) Aparelho que envia fluxo de ar constante para manter as vias respiratórias abertas. AOS moderada a grave.
BIPAP (Pressão Positiva de Dois Níveis) Ajusta a pressão de acordo com a fase da respiração (inspiração/expiração). Apneia central ou AOS quando o CPAP não é suficiente.
Dispositivos Orais Dispositivos que reposicionam a mandíbula ou a língua para evitar o bloqueio das vias respiratórias. Casos leves a moderados de AOS.

Cirurgias

As intervenções cirúrgicas podem ser indicadas em casos graves ou quando os tratamentos convencionais falham:

  • Uvulopalatofaringoplastia (UPFP): Remoção de excesso de tecido da garganta para ampliar as vias aéreas.
  • Cirurgia ortognática (avanço maxilomandibular): Reposicionamento da mandíbula e do maxilar para evitar obstrução.
  • Implantes palatais: Pequenos implantes no palato mole para evitar o colapso das vias aéreas.

Complicações

A apneia do sono não tratada pode causar complicações sérias, tais como:

  • Hipertensão arterial: Pausas respiratórias repetidas podem elevar a pressão arterial.
  • Doenças cardiovasculares: Maior risco de infarto, AVC e insuficiência cardíaca.
  • Diabetes tipo 2: A apneia está associada ao aumento da resistência à insulina.
  • Depressão e ansiedade: Privação de sono crônica pode afetar a saúde mental.
  • Diminuição da expectativa de vida: Apneia não tratada pode levar a complicações fatais.

Prevenção

Algumas estratégias para prevenir ou minimizar os riscos de apneia incluem:

  • Manter um peso saudável;
  • Praticar atividade física regular;
  • Evitar fumar e reduzir o consumo de álcool;
  • Manter uma rotina de sono regular.

FAQ sobre Apneia

1. Quais os sinais mais evidentes de apneia do sono?

Os sinais mais comuns incluem ronco alto, pausas respiratórias observadas por terceiros e sonolência diurna excessiva.

2. Como a apneia afeta a saúde cardiovascular?

A apneia aumenta o risco de hipertensão arterial, infartos e AVC, devido à privação de oxigênio repetida que ocorre durante o sono.

3. O CPAP é o único tratamento para apneia?

Não. Além do CPAP, há dispositivos orais, mudanças no estilo de vida e cirurgias que podem ser indicados, dependendo da gravidade e do tipo de apneia.

4. Crianças também podem ter apneia?

Sim, crianças podem desenvolver apneia, especialmente devido a amígdalas ou adenoides aumentadas. O tratamento pode incluir cirurgia ou uso de CPAP.

Referências

Aviso

As informações presentes neste artigo têm caráter informativo e educacional e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento de profissionais de saúde. Sempre consulte um médico ou outro profissional qualificado para obter orientações personalizadas e adequadas ao seu caso.

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